"O velho senhor se cansou da caminhada e sentou à beira da estrada."
Andamos,
andamos, e colhemos flores desta vida tão amigável. Se seus dias
são de sorriso, também são os meus, e manteiga quente escorrendo
no pão todas as manhãs. Por onde passo vemos senhoras e chapéus
que se cumprimentam. No bailar, todas as vidas seguem como girassóis,
a rodar em acompanhamento à luz.
Mas
passarão dias e dias mais felizes e algo soará estranho. Por mais
que se ande, não se sai do caminho, que é um eterno andar e cujo
retorno só nos leva ao mesmo círculo. Ele, que andou mais que nós,
já se foi e, ainda sim, não encontrou o que procurava.
Meu
cigarro queima no cinzeiro mais próximo e me diz “É uma
perda de tempo”, e o velho jazz da big band alerta que não há
mais rota possível. A
procura só acharia o encontro se se andasse para trás, como se
regredíssemos o tempo sem que, no entanto, houvesse um regresso.
Como voltar do avesso.
E,
no entanto, celebramos a tecnologia e fazemos louvores aos botões,
às luzes. Estamos encapsulados nessa modernidade sintética e não
há escapatória. Os que tentaram morreram, caminhando. Sabemos que
ele andou buscando, sem no entanto encontrar.
No
bailar, todas as vidas seguem como girassóis, mas a caminhada conduz
aos mesmos questionamentos.
À busca de soluções, entulhamo-nos com os significados que
encontramos pela jornada.