(Ignoro tudo que
escrevi nas linhas acima e que, pelo milagre da computação, pude
apagar.)
Mesmo contra todas
as vontades, eu ainda olho para trás. Na imensidão escura da noite.
O tempo é pouco para lamentações, mas divago, ainda, sobre a
ausência – não de sentido, não de sentido –, sobre a ausência
de materialidade em nossas palavras.
Frases sem peso,
plumas expelidas pela boca, tantas e tanto, que me sufoco com língua
suave sempre vibrando para manter acesa alguma esperança de haver
sintonia entre nós, eternos dialogantes desse balão vazio.
Haverão ainda estes
meus rabiscos sem vontade, que escrevo agora somente e unicamente
porque por algum jeito precisam ser expelidos, haverão ainda de me
dar um triunfo sobre a espera de aguardar o amanhã, sem contudo
poder prever que a próxima etapa poderá ser de alguma forma substancialmente diferente.
Sobre a ausência, a
busca incessante por um algo a fim de evitá-la é, definitivamente,
a única forma de a manter afastada. O rubor só se o sente quando a
caminhada é interrompida e os batimentos acelerados gastos para o
movimento ficam, pois, sem seus motivos de ser.
Mesmo contra todas
as vontades, eu ainda olho para trás, seguindo, passo após passo,
adiante.