"Porque hoje de manhã eu acordei com a toalha na cabeça e a pimenta na boca."
E eu não quero mais saber das suas desculpas. Qualquer coisa dita aleatoriamente poderá ser usada contra sua vontade. A minha vontade prevalece. A minha culpa, eu a retiro lenta e dolorosamente. Fácil dizer, fácil usar. Usar sem prazer, como a gente acontece ultimamente.
A última gota de suor praguejou contra mim. O cigarro foi apagado e o cinzeiro está cheio. Como o pulmão. Como as redomas que envolvem nossos desejos. Presos, já não falam mais por si. Eu me rodeio de pessoas ingratas. Por essas companhias, minha testa arde. Arde junto tudo o que eu poderia desejar.
Caímos em prantos todos juntos. Abraçados e ajoelhados, todos juntos. Estamos perecendo o castigo de um demônio heterossexual. As labaredas de fogo nos pegam aos poucos. Meus dentes rangem enquanto minha outra boca goza um prazer desigual. É como se fosse só eu. Só eu.
Enquanto permanecem fechados, os olhos afogam a mente com intenções cruelíssimas. É como se o amargo de toda uma vida girasse em torno de minha língua. Mas não sou só eu a apodrecer. Labaredas de fogo queimam nossos cabelos alisados, meu osso se mostra, corajoso. Vai ser pouco o que sobrar.
Um comentário:
Demônio heterossexual!
Fortíssimo texto, Tiago. "... meu osso se mostra, corajoso."
O pouco que sobre brota de novo e brota tão forte quanto a próxima poda.
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