Não quero pulmões
limpos.
Não quero dias
enfadonhos.
Não quero cuecas de
marca.
Não quero capitalismo
selvagem.
Não quero dinheiro
saltando dos bolsos.
Não quero religiosos
fundamentalistas.
Não quero uma
sociedade organizada por heterossexuais machistas.
Não quero carros
potentes.
Não quero ostentação,
tampouco exibicionismo.
Não quero demostrações
de poder sobre os mais fracos.
Não quero mulheres
tratadas como mercadorias.
Não quero talheres de
prata.
Não quero luxo.
Não quero caviar na
minha mesa.
Não quero
estratificação social.
Não quero caminhonetes
carregadas de alto falantes.
Não quero dinheiro por
dinheiro.
Não quero uma vida
saudável e opaca.
Não quero passar
despercebido.
Não quero ofuscar meus
semelhantes.
Não quero classe A.
Não quero as
universidades públicas ocupadas pela elite.
Não quero elite.
Não quero uma
juventude derrubada por drogas.
Não quero uma
sociedade opressiva e desigual que, na desesperança que traz, é a
causa maior da busca por uma vida entorpecida.
Não quero pessoas
medindo umas às outras por suas posses e suas compras.
Não quero viver sem
Gal.
Não quero estar em
meio a sorrisos alienados.
Não quero capitalismo.
Não quero uma vida sem
fumaça.
Não quero desperdiçar
mais um dia com heterossexuais de reprodução, bem com homossexuais
de futilidade inútil.
Não quero futilidade.
Não quero passar nem
mesmo uma semana longe da literatura brasileira.
Não quero acordar sem
café.
Não quero.
Um comentário:
Fofuxo!
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