23 de outubro de 2008

Saga do homem de virtude

Lançada a sorte, ele tem de esperar que reconheçam seu esforço. Ele almeja a vitória, sereno, sem demonstrar a ansiedade que por dentro o corrói, sem deixar transparecer um fio de tensão.

Lançada a sorte, ele joga ao léu sua capa de cautela, ele se despe da certeza das projeções, mergulha o ego num gélido banho, evita que irrompam os limites espirituais as demonstrações de insegurança que o assolam.

Sábio, ele silencia todas as perturbações ao seu derredor, ele ordena que se aquietem as fanfarras conspiratórias da razão.

"Lançada a sorte, a razão perde o porte"

Lançada a sorte, é como a pedra arremessada de um salto inconsciente: restará aguardar os efeitos do ato inconseqüente.

Na platéia ele aguarda, excitado, sem a movimentação de um músculo. Torce, sofre e, ora sim ora não, vibra, sorrindo para sua consciência, refletindo se valerá o momento que a coragem lhe concedeu.

Lançada a sorte, (ele) tratará de tentar ser tão natural quanto a morte...




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