Estou me cansando de percorrer labirintos
Estou me cansando de me esfregar nessa terra úmida,
suja
Estou me cansando de andar segurando os instintos
Surja!
Haha, e agora? Senhora esperteza em pessoa?
E agora, que estou em frente a sua casa?
E a senhora não sabe se porto a palavra que caçoa
Se vou cobrar a dívida que tanto lhe atrasa
Haha, haha
Eu, sou eu, sim
Em pessoa
Haha, sim sou eu, sim
Eu sei que pode parecer o fim
Encontrar-me na rua bem vestido
De braços dados a um bom partido
Medo de sujar seu nome de lama
Medo de lembrar ele com a outra na cama
Medo de perder seu título de dama
Medo de associar seu nome à má-fama
(Pausa do encontro de olhares, o faiscar das intrigas, a encenação diabólica)
Surja!
Ei, senhora de azul! Ei, dona da razão!
Parada dentro de sua bolha de isolamento franciscano
Próxima a encontrar o equilíbrio da perfeição
É a única a ignorar seu estado de desespero insano
E agora que me detenho a sua frente?
Pretende usar seu veneno de serpente?
Ei, moça adorável!
Eu conheço seu lado podre deplorável
O que pode fazer para que eu me cale de boa vontade?
(Vai me prender no porão? Vai cortar minha língua? Vai trancar o portão?)
Vai me fazer caridade?
E se eu por fogo na moradia?
Ou correr atrás da família?
E se eu delatar sua alma vadia?
E os torpes segredos que você não partilha?
O que você vai fazer quando anoitecer
E eu entrar pelos esgotos, e eu passar pela fechadura
E fotografar seu rosto sem a máscara de santa?
E desnudar o monstro que na sociedade usa a manta?
Quando descobrirem que sua palavra causa queimadura
E o que seu dedo aponta logo passa a apodrecer
Cruel e dura
Se sente segura dentro de sua bolha que irradia alegria
Quem imaginaria, é tudo fantasia
Sua imaginação poderosa
Escondendo sua risada desdenhosa
Mente imatura
Cochicho que destrata
Alcoviteira ingrata
Enfim, diga,
segurando minha mão amiga
O que vai fazer
Para tentar me deter?
Um comentário:
"Parada dentro de sua bolha de isolamento franciscano", essa foi a melhor de todas!
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