Sentando calmamente com um cigarro na mão
Esperando que caiam do céu os pedaços de pão
Pastando como bovinos que não se preocupam com a alta-tensão do fio
Cuidadosamente observando o aleatório movimento da folha solta no rio
Postado pensativamente escorado na cerca
Esmiuçando a vida dos outros não se importando com nada desde que não perca
Mesquinho e inseguro em seu mundinho obscuro
Com horror aos pecados que possam torná-lo impuro
Corre atrás dos sonhos dos outros e pensa que o tempo não irá passar
Mas quando virar e perceber que se afundou na lama do azar
Você ficou louco?!
A morte esteve aqui e quase o leva por pouco!
Tente enxergar
Se não se mexer tudo só tende a piorar
Medo logo cedo
Pego por certo indicar de dedo
O sol desce e anuncia a chegada da noite taciturna
Envolto em neblinas das rezas diabólicas sorteadas na urna
Ele se concentra em um único ponto de ação
O intuito certeiro de prejudicar o irmão
Onde estão todos?
Os ratos, os cervos, os rotos?
Será que em meio a esta terra verde e podre não resta um único são?
De saúde, de projetos, de uma sobra de bom coração?
Contorcendo o pescoço e arregalando os olhos ele grita
E sentado em sua cadeira de fios amarelos, o inquieto dedo saltita
Está ordenando ao vento que amaldiçoe mais outra alma enclausurada
Assim como ele, preso no eterno tormento de mal querer
Não sabe mais o que fazer
Com a pobre consciência todos os dias novamente torturada
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