Não é pra celebrar a noite, mas eu prefiro que o desgosto aqui pingue, não vamos desperdiçar palavras entaladas na garganta. Não é minha cena de despejo predileta, eu poderia ter sido jogado de um ônibus em movimento. Não é o momento de celebrar as alegrias do mundo, mas o que fazer, não é pra ela perceber que meus punhos estão cerrados...
Se o sexo com o outro é melhor, e se minhas manias a agoniaram... Se meu olhar penetrante a assustava demais, se minhas velas negras brilharam mais que os seus olhos poderiam suportar... É, não é minha cena de despejo sonhada, eu poderia ter sido decepado durante um passeio na escada rolante.
Se a fumaça do cigarro lhe entrou pelo pulmão ou a fez lacrimejar, o que farei eu senão cruzar os braços e esperar. Tomei um banho de café quente, estou moreno e saboroso. Mas se meus beijos não conseguiram a segurar, e se minha mordida era fraca demais para sua libido poderosa, o que eu poderei chorar nessa noite desgostosa?
Pisou em minha dignidade, praguejou meu nome no meio do salão, cuspiu sobre mim na frente de nossos amigos. Era mesmo eu ou devia ser ela a sair? Se não lhe importa os cartões de amor deixados na porta da geladeira, se minhas mãos eram frias ou pequenas demais, como poderei me desesperar?
Se eu saí escorraçado, se meu rabo está entre as pernas, será que eu devia chorar ou xingá-los ao me pedirem pra sorrir? “Você sabe, essas coisas acontecem, era melhor isso do que os chifres chegarem a apontar entre os fios de cabelo.”
Será que ele a colocará sobre a pedra da cozinha com mais delicadeza, será que ele irá lambê-la em todos os sentidos em que eu fazia? Será que ela vai apertar o lençol com as unhas e rasgar suas costas também? Não, não é pra celebrar essa noite, mas eu prefiro cantar o desgosto e bailar entre as gotas de chuva com as luzes desses postes solitários. Minha música é melhor, minha música é melhor...
Nenhum comentário:
Postar um comentário