Correndo pelas marcações das rodovias
Derramando lágrimas por entre os pés
Juntando-as às águas frias
Era úmido seu semblante
Não quisera acreditar
Que já passara da hora de deitar
Não tendo mais distrações
Restou fumar
Até o pulmão se acabar
Amarelos os dedos
Arrancados os dentes
Deterioração
Era uma perdição
Tal ilusão
Transpor o espaço
Sobrevoando estradas
Em procura de um lugar comum
Ele prometera não mais se apaixonar
E viu suas promessas caírem
E se ajoelhar diante
Dele
Ele
Competia a ele se apaziguar
Pensou em se embebedar
Mas resolveu esperar
Tentar
Tentou não chorar
Tentou se recuperar
Velar a ausência
Sentir o vazio
Com uma fraca chama de esperança no fundo do coração
Envolvido pela solidão
Abraçado pela escuridão
Taciturna sensação
De desamparo, desolação
Viu-se abraçado aos próprios joelhos
No canto da parede
Cercado pelos seus desesperos
Esticou o braço até tocar
No seu poderoso devaneio
O ponto certeiro
E sentiu-se flutuar
E durou segundos aquele imaginar
Como se de repente pudesse atravessar
Pusesse quilômetros os pneus a rodar
E sentiu que fosse chegar
Ia alcançar
Um toque dos lábios
Sentir o roçar das palmas das mãos
E a eternidade se prendeu no tempo do abraço
Um comentário:
Quem conhece esse cara na sua simplicidade nunca imagina que ele possa escrever tão bem.
Saudades, Tiago.
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