5 de janeiro de 2009

Todos a bordo da Navegante do Cerrado!


Sol, estrada
Sol

E foi dada, assim por dizer, a largada
E era de manhazinha, ele já estava calçando as botas
Um pouco usadas, mas ‘inda suficientemente inteiras
Para o dia

E embarcaram todos na navegante do cerrado
Cada um com seu remo de pau torcido
Sistematicamente ajustado
E o gênio belicoso
De quem atravessaria um campo devastado

Sol
Mas não o suficiente para fazer as cabeças suarem
E tornar queimados os couros cabeludos

Estrada
Comprida, larga e instigante
Mas não o suficiente para fazer da nau coisa estressante

Era um destino reservado
Nada a ser descartado
Desacatado

“É hora de deixar para trás toda essa fazenda de fuxicos e as plantações de café sem tabaco e cana-de-açúcar sem etanol!”
Proclamou em alto e bom som o espanhol
E todos respondiam “Sim, senhor Anzol”
Que de fato pescara peixes para o almoço
E reservara uns pra janta do moço

E no meio das árvores (re)torcidas
Debaixo da poeira em turbilhão
A navegacional da savana
Desaparecia
Deixando atrás
A Mariana
E outros órfãos de atenção
E as conspirações mal-sucedidas

Sol
Estrada
Sol

2 comentários:

Mairex disse...

Quizera eu "joinar" a navegante.

Neide Barros disse...

Seu poema me inspirou. Estou impressionada!