não preciso mais dos seus conselhos
não acho
que me reconheço neles e nem nos de ninguém
aparentemente
não me reconhecem também
as coisas que fiz
os
lugares que vi
não
cabem nos julgamentos seus e de ninguém
não
preciso mais do seu sorriso
enaltecendo
quando fiz o que esperavam
seguindo
um script para não enfurecer ninguém
não
preciso mais das longas conversas de desabafo
que me
distraíam enquanto o fio do telefone se enroscava
para,
num outro dia, atar minhas mãos a seus caprichos
de
repente, não preciso mais
estou
bem aqui, vendo só até onde a definição permite
conversando
com meus botões, dedilhando na mesa de madeira
refletindo
por dentro da xícara, por dentro de mim
os
enlaces que fiz
os
lugares que vi
as
coisas que senti
os
vexames que eu dei
as
pessoas que amei
não
cabem no seu julgamento, no seu e no de ninguém
[Crédito da imagem: Pixabay]