28 de junho de 2009

Conscientização

Dentro de aproximadamente quatro minutos

E não sete

Você vai rastejar sobre seus membros picotados

Você não poderá voar de novo

E meus lábios parecerão estar muito distantes

Nada é tão forte como o desejo


“E às vezes eu sinto que sou feliz
E às vezes eu sinto que vai ficar tudo bem”

E quando a noite acorda, estou escondido no canto


Dentro de mais alguns toques

Sua mão vai congelar

E você estará cantando aquele som que sua mãe entoava para seu sono

Mas ela não está mais aqui

Seu mundo agora é solitário

O barulho das bombas é cada vez mais alto

E os lamentos e murmúrios que brotam do esgoto


[SILÊNCIO]

[DEPRESSÃO]


Então novamente você acorda
Meu Deus, não era você que costumava pensar no mundo
Como um lugar bonito
Em que as pessoas acreditavam umas nas outras?
Um lugar onde, custasse o que custasse, a boa vontade pudesse vencer as más intenções?

Continue na batalha diária, com sua venda negra bem focalizada sobre sua visão. Aí você vai conseguir viver mais um dia.

14 de junho de 2009

O sentimento mágico de Liz

Liz fez um bolo hoje, e comeu-o sentada no tapete vermelho.
Liz teve um ataque de bulimia depois disso.

No alto de seus 20 anos, Liz se sente infeliz.
Liz não transou com todos os garotos da faculdade.
Liz não comprou os sapatos dourados no Natal.
Liz nunca teve a chance de se despedir de seu pai.
(Good-bye)

Liz fez compras com seu cartão de crédito.
Liz falsificou a assinatura do Visa.
Irrompeu em lágrimas quando enforcou sua mãe.
E velejou por elas durante toda uma tarde.

No profundo de seu psicológico, Liz encontrou amigos de infância.
Liz visitou a cozinha de Pisância.
Liz alugou E.T. e teve sonhos com Elliot.
Em dias frios, Liz veste um macacão azul.
Liz toma iogurte light.
Liz está dezessete quilos abaixo do peso ideal.
Liz não toca piano durante a noite.
Liz não entende porque padre Gil rasgou seus livros de magia.

Quando adormece, Liz sente que alguém a visita

Liz se magoa facilmente.
Liz entristeceu-se com seus familiares.
Liz tem uma lente cinza.
Liz fala com seu guarda-chuva. E ele a responde.
Liz faz preces à santa Maldade.
Liz nunca foi uma criança de verdade.

Liz não tem sorte no amor.
Liz não se ama com ardor.
Liz fez duas cicatrizes em sua face direita.
Há uma caneta sobre o travesseiro de Liz.

Liz aprendeu vodu na Internet. Seus colegas de classe não ficaram felizes com isso.

Liz amou algumas pessoas. E elas lhe disseram adeus.
(Elas lhe disseram adeus.)
Liz está ajoelhada num altar, esperando ser notada.
Liz está enjoada, Liz está assustada.

Liz quer dizer que ama você.

7 de junho de 2009

Ato confessional s.n.

Não, não estava...

Cada vez mais a noite se apodera de meus pensamentos, e tudo que sinto é distante. Ao longe luzes de uma cidade deserta, aqui perto o fantasma de antigas memórias que insistem em não se apagar.

Eu não me vejo mais, tudo está inscrito em você, e se em você não faço diferença, não dou por existir. Sou o puro reflexo.

A noite consome minha autoestima, meus objetivos se descontinuam e o presente é sempre detestável, sempre detestável – não porque o seja, mas porque em um minuto fará parte do passado, esse sempre tão almejado e inalcançável.

Não me sinto bem. Não me sinto completo. Não sinto um solo firme onde depositar meus sentimentos.

Tento me dissociar das lembranças boas, mas aqui nada é realmente bom. Eu me engano com risos falsos, em companhias boas (verdadeiramente boas, mas ainda sim estou só), e estou vazio. Criei situações engraçadas, projetei sensações, esperanças e personalidades. Criei alguém virtual pra me dizer “eu te amo”. Nada além das lembranças é suficientemente firme, mas mesmo as lembranças estão se tornando nubladas e incoerentes.

Me sinto só. Só e vazio.