15 de junho de 2016

Calendário

(Ignoro tudo que escrevi nas linhas acima e que, pelo milagre da computação, pude apagar.)



Mesmo contra todas as vontades, eu ainda olho para trás. Na imensidão escura da noite. O tempo é pouco para lamentações, mas divago, ainda, sobre a ausência – não de sentido, não de sentido –, sobre a ausência de materialidade em nossas palavras.

Frases sem peso, plumas expelidas pela boca, tantas e tanto, que me sufoco com língua suave sempre vibrando para manter acesa alguma esperança de haver sintonia entre nós, eternos dialogantes desse balão vazio.

Haverão ainda estes meus rabiscos sem vontade, que escrevo agora somente e unicamente porque por algum jeito precisam ser expelidos, haverão ainda de me dar um triunfo sobre a espera de aguardar o amanhã, sem contudo poder prever que a próxima etapa poderá ser de alguma forma substancialmente diferente.

Sobre a ausência, a busca incessante por um algo a fim de evitá-la é, definitivamente, a única forma de a manter afastada. O rubor só se o sente quando a caminhada é interrompida e os batimentos acelerados gastos para o movimento ficam, pois, sem seus motivos de ser.


Mesmo contra todas as vontades, eu ainda olho para trás, seguindo, passo após passo, adiante.