5 de maio de 2009

Desejum

Até o dia de eu morrer

Eu tenho de ter visto o dia nascer
Eu tenho de ter corrido atrás dos seus passos fugidios

Não é fácil
Prever o esquecimento rápido
Não é muito cômodo
Se sentir passageiro de um seletivo ávido

Mas o tempo agora é favorável a mim
Que dirige a nau, que obtém os préstimos do Sim

Até o dia de eu morrer

Eu tenho que ter visto minha palavra prevalecer
Eu tenho que ter beijado seus lábios e lhe causado toda a sorte de arrepios

Eu tenho que ter sonhado acordado de novo
Eu tenho que ter disseminado Atom no meio do povo

Eu tenho que ter lhe abraçado na varanda ao fim da madrugada
Eu tenho que ter lhe amado nesse chão de aparência encerada

Eu tenho que ter aberto a janela durante a noite de Lua
Eu tenho que ter contemplado outra vez sua silhueta nua

Então toda manhã parece ser igual
Não será assim como eu quererei
Com uma rotina de previsão e final
Entre surpresas e expressões de felicidade lhe porei

Eu tenho que ter saído pelo matagal causando com minha máscara
Eu tenho que ter tido aulas mais intensas de Báskara

Eu tenho que ter gritado seu nome em vias públicas
Eu tenho que ter te perseguido loucamente em situações únicas

Até o dia de eu morrer
Eu tenho de ter sido o que você merecer

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