21 de março de 2011

Nós e Eles I

Por agora muito pouco posso falar. Mas falo por mim, falo pela boca de muitos. Muitos são os calados no meio da noite, muitos são os quietos dentro dos guarda-roupas. De longe eu observo essas nossas crianças se esquecendo, elas estão negando sua existência. Seus corpos estão caídos em entorpecentes baratos, mentes brilhantes estão se apagando por nossa falta de zelo.

Mas você precisa saber. Há muita vida do lado de cá. Há pessoas felizes fazendo o que eu faço. Há esperança para todos esses desolados. O dia não acabou quando seus olhos se abriram. Você é mais capaz do que para o que foi preparado.

Em salas fechadas estão eles, com suas lunetas luminosas a verem o que se passa. O mundo parece demasiado hostil, esse proposito da vida, desconcertado. Há muitas perguntas de porque, mas as respostas andam vagas perdidas na boca de poucos.

O consolo não virá, não virá em hora alguma. As lágrimas derramadas já foram muitas, mas o chão não se secará sozinho. Ainda serão muitos a baterem a cabeça na parede, ainda serão muitos a agarrar os lençóis pela madrugada a fim de aplacar o desespero. A solidão não irá embora por si.

Eu preciso dizer. Há muita alegria do lado de cá. Há pessoas felizes fazendo o que eu falo. Há deuses olhando por nós. Há amizades mais verdadeiras ao nosso redor. Você ainda não compreendeu a uma grandeza a que foi destinado.

Em algum ponto da sua vida, alguma coisa parecia estar errada. Os fatos não se estabeleciam como deveriam ser. A dúvida entrou por debaixo de sua porta mais de uma vez nesse período de incerteza. Você teve medo de magoar sua mãe. Em algum momento você desejou não prosseguir.

Você não entendeu o chamado? Dê a mão a sua verdadeira vida. Ninguém está sozinho do lado de cá.


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