21 de agosto de 2011

Eu, parte vinte e dois, capítulo dois

Eu.

Emaranhado de sensações agora conflitantes. Terei perdido o senso, terei perdido o tino de como lidar? Amargurado, não. Curado na dor, como azeitonas em conserva?

Respondendo apenas por minha pessoa, estou indiferente agora? Aparentemente egoísta, ou isso é apenas o querem que eu pense de mim mesmo? Porque o medo não aparece mais com suas faces tão visível como antes. É a falta de importância que tenho dado às circunstâncias? Por um momento, estranham-se a pessoa de hoje e a de ontem. Estou inquebrável nesse novo tempo?

Há outra hipótese. Constituído de estilhaços, já não há como perceber novos trincados. Quem realmente habita esse corpo jovial? Quem está por detrás das ações e do discurso?

Eu. Caprichoso, inconsequente, previsível, despreocupado, calculista, prepotente. Tantos títulos, ponderações jogadas ao acaso, à espera de que eu já tenha me classificado negativamente antes que outros o façam. Mas no advento dessa negociação, não seria estranho que eu não estivesse realmente infeliz?

Como se tivessem se tornadas plásticas as relações exteriores e apenas me importasse o fortalecimento sistemático do Eu. Ou por dentro ainda me dissolvo à espera dos reconhecimentos? Ainda serei o garoto que acredita na possibilidade do amor e do amar?

Eu, sistemático. Preocupado com a ordem, com a agenda, com o tempo e a organização. Preocupado com meus passos e cortando pela frente os indivíduos que ameaçam todo esse equilíbrio. É essa a herança que as experiências tem me deixado? Porque sobreviver à dor tem parecido reconfortante. Na escuridão, solitário, brilho como um diamante, preocupado apenas em mostrar o próprio brilho a si. Lustro-me diariamente nesse egocentrismo tão belíssimamente polido. Quem está por trás desse discurso?

Eu. Cansado de ter responsabilidades para com os outros, cansado da expectativa. Sem querer saber o que pensaram, se fui agradável, se estarei cumprindo com meus papéis, se causei o impacto positivo, se alimentei a esperança de um novo encontro. Ou tudo isso é apenas o que querem que eu enxergue de mim mesmo?


Um comentário:

Anônimo disse...

Depressão da distância: vai ficar mais forte ainda, mon cheri. Vai melhorar depois e regressará como outrem em muitos aspectos.
Torço para que esteja enganado e amanhã já acorde limpo.
Saudades,
M.