28 de maio de 2014

A Procura e o Encontro

"O velho senhor se cansou da caminhada e sentou à beira da estrada."

Andamos, andamos, e colhemos flores desta vida tão amigável. Se seus dias são de sorriso, também são os meus, e manteiga quente escorrendo no pão todas as manhãs. Por onde passo vemos senhoras e chapéus que se cumprimentam. No bailar, todas as vidas seguem como girassóis, a rodar em acompanhamento à luz.
Mas passarão dias e dias mais felizes e algo soará estranho. Por mais que se ande, não se sai do caminho, que é um eterno andar e cujo retorno só nos leva ao mesmo círculo. Ele, que andou mais que nós, já se foi e, ainda sim, não encontrou o que procurava.
Meu cigarro queima no cinzeiro mais próximo e me diz “É uma perda de tempo”, e o velho jazz da big band alerta que não há mais rota possível. A procura só acharia o encontro se se andasse para trás, como se regredíssemos o tempo sem que, no entanto, houvesse um regresso. Como voltar do avesso.
E, no entanto, celebramos a tecnologia e fazemos louvores aos botões, às luzes. Estamos encapsulados nessa modernidade sintética e não há escapatória. Os que tentaram morreram, caminhando. Sabemos que ele andou buscando, sem no entanto encontrar.
No bailar, todas as vidas seguem como girassóis, mas a caminhada conduz aos mesmos questionamentos. À busca de soluções, entulhamo-nos com os significados que encontramos pela jornada.


Um comentário:

Anônimo disse...

E a "caminhada conduz aos mesmos questionamentos". Pesado, isso.
Ou a gente nunca acha resposta ou finge temporariamente achá-la.
Meu questionamento hoje é igual ao de dez anos atrás.
Essa frase deve ter um significado diferente no contexto do texto.
Ela sozinha, separadinha, pesa 100000000 tons na minha mente.