21 de outubro de 2008

As aventuras de Yoko (parte 3)

[por Lucila Souza; edição e adaptação por Tiago Gebrim]

Assuntos amorosos realmente não eram o forte de Yoko. Ela lembrou-se vagamente de seu ex-affair, que conhecera em um dos seus últimos cruzeiros internacionais, este feito pelas ilhas gregas em específico, durante as férias de Julho. Naquela época, Yoko havia decidido viajar de última hora, deixando pra trás, sem pestanejar, sua badalada clínica de estética (que tinha clientes com horários marcados até o fim do ano), seus peelings de cristal, drenagens linfáticas, massagens indianas e tudo o que era necessário para a manutenção de uma diva.

O motivo da viagem repentina era que as duas últimas semanas que ela havia passado não eram nem de longe dignas de uma pseudo-celebridade como ela: Yoko ficara sem sentido para viver após a morte de Brigite Bardot, sua Yorkshire Terrier de estimação com quem viveu boa parte de sua vida (relativamente recente) de socialite empresária. A cachorrinha era mais que um animalzinho de estimação, era praticamente uma amiga, era capaz de entender a dona com um olhar. Ademais, Brigite tinha um gosto finérrimo: Yoko nunca se esqueceu de quando sua cachorrinha latira para sua primeira bolsa própria pra cães Louis Vuitton – “foi uma cena digna de cinema” – recordava ela. Foi no momento de maior desespero, com o recém-falecimento de B. Bardot, que a idéia do cruzeiro surgiu.

Ela se preparou minuciosamente e embarcou em Santos, rumo às ilhas gregas. Yoko não tinha, realmente, o que reclamar quanto às instalações: seu quarto tinha vista para um mar azul como nunca pudera imaginar. Após uma semana de viagem o navio aportou na badalada ilha de Mykonos, onde ela conheceu Argus, um belo barman que fazia jus à sua nacionalidade, já que era praticamente um deus grego. Com ele Yoko viveu um amor quase impossível, mas ela precisava voltar à realidade.

Retornou ao Brasil noiva, contudo com o coração despedaçado já que se conhecia muito bem e sabia que era preciso muito mais do que um peitoral definido, abdômen trincado, olhos verdes e um sotaque grego para roubar seu coração bandido. Não conseguia entender como sua memória muitas vezes a lembrava das coisas erradas nos lugares mais inapropriados... era incrível! Mas os pensamentos foram embora de um salto quando a esfoliação acabou e a porta da sala de Henrique Hernandez se abriu...

[Continua...]

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