19 de dezembro de 2008

Distant lover


Pingos de chuva molham minha janela
À minha frente apenas a garrafa de café
Que me mantém acordado
Mantém meus olhos vidrados

Rugas apareceram nos meus olhos
Preocupações me tiraram o sono
Mantive meus olhos vidrados

Fixo, o coração já não sente
Imobilizada, a mente não mais pensa

Precisava me despir da melancolia
Precisava rezar para Deus me ajudar
Olhar ao meu redor sem me desesperar

Já passou tanto tempo sem você
Que não sei mais como era sua presença
Um rastro de lágrimas manchou o chão
Onde um dia você passou

As palmas das mãos ficaram secas
E estilhaçadas as janelas da alma
Mantenho-me com os olhos vidrados

Noite
Pingos de chuva molham minha janela
À minha frente, a garrafa de café
O sofá de couro vazio
E eu me entretendo com o reflexo

Precisava rezar para Deus
Precisava de você pra abraçar
Sentir seu coração pulsar

Precisava de alguém pra conversar

O tempo passou
E preso em minha fantasia
De que um dia você voltaria
Meus ossos pereceram

Como eu queria que visse agora
Meus olhos fundos

Dia após dia
Noite após noite
Eu esperei
Eu imaginei

Eu nunca estive aqui antes
Andando nesse vale de lembranças
Colhendo folhas secas
Folhas negras
Pisando as cinzas dos nossos próprios cigarros

Com a janela aberta
Sentindo os pingos caírem gelados na minha face cansada
Eu tenho os olhos fechados
E me mantenho lúcido
À espera que essa noite acabe
E que semear esperanças não tenha sido um ato vão

Um comentário:

Tiago Gebrim disse...

Esse não é um texto qualquer. Ele consegue me remeter, até hoje, à triste época em que foi escrito. Ele traz consigo todo o contexto, as canções, os sentimentos angustiados que me acompanhavam todas as noites.

E, de fato, eu me mantive acordado, eu me mantive lúcido, até o dia em que esse amor passou, até o dia em que, sem respostas, o coração realmente se fechou e joguei para o alto as esperanças. Muito tempo depois, obtive uma resposta, meus chamados foram respondidos. Mas aí, já era tarde demais...