23 de novembro de 2010

Casa da vida

E era no casarão sem velas que eles se encontravam... Havia uma sala onde as portas se abriam para dentro, para dentro dos corações apaixonados, e o candelabro empoeirado recitava poesias ressignificadas sobre o amor, essas coisas assim...

Nas janelas (re)desenhadas de acordo com as vontades de cada um, umas eram fechadas demais, outras deixavam soprar a deliciosa brisa das tardes com chuva. E era mais ou menos assim, essas coisas assim...
No berço de ouro deitava-se o rei, era o berço de outro? Seu cetro cravejado de brilhantes ideias que relampejavam lá fora, eram os trovões, eram as ações de provimento, eram as ordens de divertimento. E que todos se amassem, e que todos se abraçassem, essas coisas assim.

Assim, assim e desse jeito, no casarão sem velas e sem energia elétrica, onde só as luminescências dos corações aquecidos iluminavam o caminho desconhecido entre corredores, quartos e porões abandonados. A cozinha de pé-direito alto tinha ladrilhos coloridos e torneiras emborrachadas, onde a água molhava de acordo com a cor preponderante. Preponderante era o tom animado do tempo, ditado entre cantorias dos relógios, dos talheres chacoalhantes nas muitas multi gavetas.

E era no casarão de cores apagadas por fora que a vida se agitava por dentro, embora ninguém suspeitasse que, naquela fachada antiga e rajada, o sangue pulsasse com empolgação... Era assim, essas coisas assim...

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