São uma da manhã e minha xícara está cheia. Minha vida está vazia? Devo esquecer algumas pessoas do caminho?
A receita não está pronta. Alguém esqueceu de anotar a quantidade de farinha. E agora? Como vou preencher a lacuna? Parece-me que alguém riscou uma anotação importante aqui, o que estava escrito por debaixo? Como vou completar o sentido?
São uma da manhã e meu cigarro está inteiro. Estou acabado, então? Devo reler algumas mensagens no celular?
É que nesse tempo todo eu não aprendi a depositar confiança em um corpo apenas. É que, pelos caminhos da vida, eu entendi que os outros iriam me puxar para baixo. Por isso que eu ando tão distante do chão, por isso eu tenho o meu próprio pique. Aqui, só eu me escondo. Fiz certo?
É que, de repente, na iminência da mudança, apareceu-me esse dilema. Fruto da corrupção. Fruto do encontro desprevenido, da literatura dos olhos, da respiração mútua e desconfiada. Ainda sim, da correspondência confiante. E agora você está debaixo do meu travesseiro. Por cima da minha cama.
O ritmo me anima, eu não consigo pregar os olhos. Fiz o certo? E agora, o que virá no dia de amanhã? Parece-me que acordo e sua imagem ainda está aqui. Sim, ela não quer se desprender e eu não quero soltá-la. É uma querência mútua. É uma querência mútua? Essa vibração em uníssono. Por um momento, somos apenas de nós.
2 comentários:
gostei muito, tenho a impressão de sentir isso também. uma certeza e ao mesmo tempo um desconforto com o futuro, o desconhecido. e essas perguntas, eu também me faço, são os dilemas da vida, acho que dá uma novela isso...
Que que tá pegando, rapah?
Vai lamentar por ter que deixar coisas para trás com a mudança e a mudança que ela traz?
Saudades,
Mairon.
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