17 de abril de 2012

Get in love, get out of

Ligado.

Como luz. Como água que desagua, irrompe, estraga, destrói, constrói e derrama-se pelos olhos de quem fica pra trás. Como luz que queima, transborda, percorre, leva e mostra. Como conexões de humanos cheios das humanidades.

Desligado.

Fica pra trás. Deixado, esquecido, escurecido. Tudo é escuro, ainda que brilhe sob a folha verde o foco de luz da lágrima escorrida, insistente e dolorida. Alguém que entoa um canto doentio e persistente, esquecida, elo quebrado da corrente, esfriada. Deixada pra trás.

Ligado.

E faz-se caminho, e faz-se a passos largos ou alargados novos rumos de uma estória que poderá, um dia, constituir história. Como contos de rua, como conversas de porta, como o causo que saiu no último instante da visita que ampliou, no alpendre, a despedida. Histórias de poste provido de lâmpada enfraquecida, amarelada. Fatos de folhas secas, fatos de folhas empoeiradas de jornal. Fatos. E fotos, para que se mantenha permanente a figura de quem já foi, um dia, o dono de seu coração.

Desligado.

Com um toque para baixo, nada mais se vê, nada mais além do que está permanentemente, e nem tanto assim, gravado na memória. Mas a memória é demasiadamente composta de humanidades e, assim sendo, há de esquecer um dia, quando a dita-cuja lembrança não se fizer mais dolorida ou fonte de risada. Com um toque que pressiona para baixo, tudo é escuridão, tudo se desmonta – embora não se apague. Sem sombra não se nota minha existência, ainda que, enquanto consciente, eu tenha a certeza de que aqui estou.

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