18 de fevereiro de 2009

Mais outro conto-de-fadas

Era uma vez,
Na interminável rua acinzentada
O homem que caminhava só
De cabeça abaixada
E com o buquê amassado nas mãos

E ele havia passado por estações
Por triunfos
E decepções

Sapato sujo de barro
Pisava em bueiros
Em folhas de jornal rasgado
Em recordações velhas
E lembranças que deviam ser apagadas

Era uma vez, na interminável rua das recordações
Um homem que só desejava novamente ser criança
Para ter de volta toda a inocência infantil
Que não compreende e não se machuca
Era uma vez um homem que, tantas vezes ludibriado
Agora tinha medo de se aventurar de novo
E cair nas traiçoeiras armadilhas do próprio coração

E ele havia passado por emoções
Por aventuras
E tantas outras que seriam boas memórias
Mas agora ali, dentro do peito
Piscava uma luz vermelha em meio à neblina
E nada mais tinha direção no eterno inverno
Decepções

Vá embora, vá embora!, homem sem endereço
Mas fique comigo, só essa noite
Pegue minha mão
E me leve para o alto
Para onde possamos contemplar o céu
E as luzes da cidade
Para onde possamos esquecer nossa vida amarga
E seus dissabores

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