4 de agosto de 2010

O fim de todas as coisas

Triste despejar de sentimentos ao ar. É como acontece quando conhecemos uma pessoa nova, e há um desvínculo de outra antiga? Eu estou partindo pra um novo céu? Haverá muito mais além, além dos muros que meus pés alcançam?

É como uma nova estoriazinha para dormir. Tudo está bonitinho, tudo é encantador. Mas eu estou começando a sentir o peso da sua mão sobre meus ombros. Eu tento suavizar, eu tento compreender, mas não, mas não. Eu penso que é como um trilho colocado sobre minha sombra, e ela o percorre sem que eu escolha ou permita. E eu continuo dançando no escuro, solitário.

Pelas manhãs, o sol acinzentado invade a janela, e quando eu a abro, o dia está lindo. Uma rajada de vento invade meu espírito, e eu saúdo a todos. Mas não posso falar, mas não posso sorrir. Fechado e debruçado sobre meus tênis, enquanto amarro os cadarços, esse não sou eu. Não, esse é alguém modelado para satisfazer seus desejos mais secretos e profanos. Quando eu fecho os olhos para uma nova boa vibração, quando eu escondo meus valores, quando eu ponho os ouvidos no descanso. Esse não sou eu.

Um espaço infinito invade, meus reais sentimentos evadem. Onde estará minha devoção? Porque o terreno começa a erosar? Um beijo seco estala meus desejos até a completa finitude, e eu prefiro o beijo sensual dos meus ex-cigarros. Meus olhos estão coloridos. O azul permeia as pálpebras, e, por enquanto, esse não sou eu. Meus desejos estão gritando, eu estou preso e encantoado. As palavras são bonitas, mas as ações não mais as acompanham.

A rosa colorida era vermelha, era viva, mas agora eu vejo um funeral acima de tudo isso. E suas pétalas estão caindo lentamente. Minha liberdade está sufocada. Meus dedos não podem mais tocar o que antes tocavam, e eu não alcanço mais essa piscina em que me purificava. Estará secando? Eu continuo, continuo no escuro. Dançando sem saber.

O futuro parecia muito promissor, mas os planos estão sendo cortados com uma tesoura de picotar. E os cortes são bonitos, e as margens são encantadoras. Paninhos de prato feitos com os metros de tecidos dos nossos planos. Há vida além disso, e eu sobreviverei.

Mas, por agora, eu continuo dançando no escuro.


Nenhum comentário: