22 de outubro de 2011

Romance n° 2786

“Bateu à minha porta, como da última vez, a maçã libertadora.”

Na calada da noite, meu íntimo eu se refaz novamente. Bebendo de uma nova fonte, você sabe, as coisas jamais voltarão ao ponto anterior. A serpente só alcança seu calcanhar uma vez. De resto, tudo o que fica são vontades, verdades e memórias. Calado.

Eu, imaginando aqui neste círculo a repetição ilusiva do ciclo, desenhava no chão meu nome repetidas vezes. Meu nome, o nome de outro. As mesmas letras, em confusão. Identidade interconexa, prova de irrefutável amarra, ou simples traços feitos no areião com algum desinteresse. Ciclo rompido, novo início.


Na calada da noite, ele me inspira com intensidade. Intenso seu toque, mesmo longe, mesmo que seja só por um segundo. Nos voos da vida, a cada levantar um sol mais ou menos intenso faz brilhar minha face descansada. Como o chegar de outra estação, acende-se repentinamente o lampião antes alojado sob o solo. No gritante do dia, no meio-dia.

Uma declaração. O desabrochar de uma rosa esperançosa. Uma declaração. Sentimentos há muito mortos fazem sangrar o novo hímen, estão renascendo agora, rompendo a virgindade endurecida das antigas frustrações. Ele me enfeitiçou de uma maneira, que nele não consigo parar de pensar de forma alguma.

Todos temos responsabilidades. O barco parte novamente e recolhe a âncora com vigor. Está solto, liberto nas águas das possibilidades. Os perigos aumentam a cada milha percorrida, bem como a vontade de navegar. Sim. Haverá de haver muito gostar aqui, fora do círculo do ciclo. Falante.

Enfeitiçado estou, a mercê de suas vontades. Risonho também sou, agora, com suas lembranças diárias que chegam a mim. Desprotegido, navegante, desbravador. Com coragem há de se vencer os novos desafios que imergirão das águas ainda calmas. Ainda claras.

Novo início.

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