10 de abril de 2009

Mas não, não era atemporal...

[Parte 1]

Ei você, preso nas cobertas
Remoendo sua vida

Ei você, que não consegue se levantar
Sentado na sacada vendo o tempo passar

Ei você, que sente desespero
Que não sabe quando correr
Que pensou o caminho e se esqueceu do plano B

Ei você
Preso em tormentas
Morrendo aos poucos enquanto a vida acontece lá fora
Escalando as paredes para saber o que tem (lá fora)
Mas a tampa se fecha
E você está de volta no escuro

Ei você, sentindo frio cerebral
Ei você, que pensa ser imortal
Ei você, você - a rotina banal

Agora não há mais volta
O eterno retorno já não é mais eterno
As pedras rolaram, o carro andou
O que sentia por mim, o que eu sentia por você acabou

Ei você, preso no remendo
Comendo farofa e acidentalmente marcando a estrada

Já não mais te sigo
Não tenho a obsessão

Ei você, eu gritei pra que me ajudasse
E continuou sentado na sala de leitura


[Parte 2]

Sei que está olhando pela fechadura
E a casa aí, toda escura

Não há perigo, não há ladrão
(Essa é minha concepção)

Mas o medo retorce, você involuntariamente se contorce

Há buracos em sua mente
Há falhas na sua razão
Não estão te perseguindo
Não estarão invadindo

Seu olhar triste me fazia sentir compaixão
Mas a indiferença deteriorou a compreensão
E pelo buraco da fechadura a vida passa, enquanto você se confina
Na sala de leitura


[Parte 3]

Mas veja
Os livros estão todos no chão
E em sua mesa, numa xícara velha o café esfria

Os anos dourados se passaram
Conforme suas entradas aumentaram
E as frias laminas não puderam compensar minha falta

Talvez por isso eu saiba hoje
Por meios honestos ou não
Onde é sua morada agora

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