10 de janeiro de 2009

Ingratidão

Ele caiu, mas rapidamente se pôs de pé
E prosseguiu sem se preocupar
Fingindo não se espantar

Ele resistiu a todos os apelos
E se mostrou indestrutível
Em seus olhares de desprezo
Ou simples falta de apreço

Ele sentiu que estava abaixo de seus pés o universo
E com uma força incomum
Sua determinação ao sucesso
Passou, derrubou
Um a um

Ele foi questionado
E respondeu sem se mostrar rogado
Para ele dedos apontaram
Críticas se montaram

Mas, e agora que, solitário, seu olhar se voltou para dentro?
E agora que a primeira lágrima caiu de seus olhos raivosos
Os mesmos que um dia, imperiosos
Dispararam fulminantes tiros de humilhação, condenação.
Ingratidão...

Em seus momentos difíceis
Ofereceram-lhe ajuda
Quiseram entrar na luta
Mas seus sentimentos eram irredutíveis

O que fazer agora
Quando a passagem do tempo se faz sentir
E já não é possível mascarar
O grande vazio

Das orientações ele caçoou
E um maço de conselhos pisoteou

E agora que você acorda no meio da noite
Desesperado após um pesadelo
E tudo o que tem a fazer é agarrar os joelhos?


E agora que você acorda no meio da noite
Escutando que estão forçando sua fechadura
E tudo o que tem a fazer é esconder o rosto com as cobertas?


E agora que passada toda uma vida
Sente a falta dos abraços
E na solidão da madrugada só tem sua montanha de dinheiro para lhe afagar a face cansada?


Vai me dizer o que vai fazer ou também vai me mandar pro inferno?

E agora que aterrorizado você acorda no meio da noite
Em sua grande casa vazia
E procura com a ponta dos dedos um retrato
De sua falecida mãe
Pra lhe proteger da agonia?


Ele cegamente seguiu sua trilha de valores
E para isso empurrou pra fora do caminho
Seus amigos e amores

Então me diga

E agora que você acorda no meio da noite
E sente que está tendo um enfarte
Vai ligar para os acionistas te levarem ao hospital?


Não entendeu o que a vida tinha a ensinar
Todos precisam de alguém para ser seu lar


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