24 de janeiro de 2009

Inhumas

[Trecho de Histórias no interior de Goiás, narrativa pessoal sobre uma viagem feita com mais dois amigos por várias cidades do estado a bordo de três bicicletas.]

(...) Cruzamos caminhões de cana, passamos por uma usina, que, aliás, era de onde brotavam aqueles caminhões todos, e depois chegamos a ultima cidade que visitaríamos nesse dia: Inhumas. A estrada foi um tanto cansativa, primeiro pelo perigo que representava aqueles caminhões, com suas carrocerias repletas de cana que pendiam dum lado pro outro, às vezes voavam pedaços de cana dali, e com isso dobrava minha/ nossa preocupação. E depois porque tinha muitas subidas, pelo visto desde que saímos de Anápolis estávamos subindo, as descidas nunca compensavam as subidas, pelo menos não em número. Mas enfim nós chegamos à bendita cidade. E chegamos a tempo de pegar dinheiro na loteria central e ainda procurar uma loja de peças para bicicleta, porque o pedal dos meninos estava rachando. O meu, he he he, eu o troquei antes de sairmos pelo interior afora, mas eles não acharam necessário fazer o mesmo. Bem, graças a Deus deu tempo de fazer tudo isso. Aliás, na loja de bicicletas, Felipe, como sempre, colheu frutos do seu implacável sorriso: os pedais mais baratos que tinha custavam oito reais e no fim do papo iam sair por dois reais. Não satisfeito com o “super-mega-desconto”, Felipe sorriu um pouco mais para o dono da loja, e os pedais saíram de graça. Bem, não foram totalmente gratuitos, o gentil senhor pediu aos dois que colassem alguns adesivos nas bicicletas (uns sete ou dez) para fazerem propaganda da loja, e aí bastou isso para que a dupla de felipes estufasse o peito e dissesse que foi patrocinada pela loja de Inhumas.

Até agora, a cidade que mais nos tinha agradado era Nova Veneza, pela beleza, e Vila Nova, pela hospitalidade de D. Tereza. Para mim, Inhumas parecia ser muito agradável, mas a pressa impediu-nos de conhecer melhor a cidade. A pressa para continuar pedalando antes de desaparecer o último raio de sol e também uma pitada de temor de permanecermos na cidade após o anoitecer, porque ela era muito maior que qualquer outra pela qual já tínhamos passado. Além de tudo isso, estava a nossa própria pressão psicológica, uma vez que não tínhamos cumprido mais que a metade da meta diária de viagem, ou seja, uns vinte cinco quilômetros, ou talvez até trinta fosse o que percorremos nesse segundo dia, quando o ideal seria cinqüenta. Assim sendo, mal as bicicletas estavam prontas, com seus novos pedais (uns pedais vermelho-sangue feios pra danar, não espanta terem saído de graça), nós só passamos numa padaria, compramos pão, margarina e mortadela, e adeus Inhumas. Para nos presentear, uma subida maravilhosa para sair da cidade. No trevo, tiramos algumas fotos de um monumento e cruzamos perpendicularmente a GO 070, em direção a Araçu, a sexta cidade do trajeto. (...)

2 comentários:

Anônimo disse...

Boas lemnranças essas... e os pedais... ahh os pedais esses não os esquecerei nunca pq realmente eram muito feios imaginei por um instante que nem de graça os aceitaríamos, nem pra jogar fora fossem outras as circunstâncias... e detalhe o pedal NÃO encaixou direito e não sendo o suficiente, a feiura dos mesmos ainda como castigo por colocá-los em minha bicicleta tive que aguentar seu insuportável ranger até a volta para casa....

fora isso... tudo ótimo...

obrigado tiago por me lembrar de quantas maluquices ja fizemos!!!

Luiz Felipe

Unknown disse...

Quantas loucuras né Luiz Felipe! Mas todas valeram a pena, o bom é a gente saber que, no tempo em que cada coisa aconteceu, foi o melhor que podíamos ter feito. Acho que aproveitamos muito bem cada época, bem o suficiente para podermos nos lembrar sem remorso!

Abração!!!
T.