Despretensiosamente metódico
Ele invade o sistema
Ele muda os códigos
Ah, afetivos códigos
Ele coleciona sentimentos
Na sua agenda de relacionamentos
São práticos, rápidos
Ah meu Deus, aqueles olhares ávidos
Nenhuma entidade ele representa
Ele não segue nenhuma outra ementa
Coração papel, amores de agendinha
Presos todos entre linhas de rendinha
Ele se acha no direito de evocá-los
Com a intenção de usar, exibir, sugar e depois guardá-los
“Não se apresse com meu riso
Não sabe quanto com suas declarações eu me divirto
Cartas deixam atrás de si os rastros de romance e inocência
A presença não deixa de ser imponente, mas não há expoente
Volta para a gaveta e me espera, se eu quiser te ter novamente
Ó doce alma carente”
Ah, afetivos códigos
Inoculados em dizeres pródigos
Vazios como a alma daquele que os invoca
Nem de longe respondem à intenção de quem os provoca
Demasiadamente inatingível
Ele mantém sua mão tangível
À espera da primeira oportunidade
Ele fala, ele dá nome, telefone e idade
Ele promete o amor que não possui
E não se importa pela lágrima que flui

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