19 de março de 2009

Auto-retrato desmoronado

I)
Estou de novo caminhando sozinho
Na estrada de sombras
Estou de novo sentindo a ausência da mão
Que costumava se apoiar no meu ombro

Chutando latinhas no meio da rua
Não parece ser fácil agradar a Jesus e a Judas
Meus passos estão mais silenciosos
O resquício da vida se me esvai

Eu não poderia pronunciar de cabeça erguida a dura verdade
E se você não pode ouvir,
E se a compreensão lhe foge
É melhor que continue a me espreitar pela fechadura
Sem chegar perto
Com a chama da vela distorcendo o que realmente pareço


II)
Eu acordo todos os dias
Com a velha música de fundo
O tempo passou
Os amigos se foram
Mas a música continua

Minha invalidez mental
Me persegue e me ilude

Às vezes perdido nos sonhos não realizados
Ou nos sentimentos improvisados

Os meses passam
E eu continuo aqui me culpando
Poderia ter sido mais bravo
Poderia ter sido malvado
Poderia ter tomado a rédea da situação

Mas na ânsia de ser bonzinho
Deixei que guiasse meu caminho
E me fizessem menor
Menor ainda que o que o espelho me mostra

E se hoje me chamam de estranho
E se espantam com minhas ações
O que fariam
Se soubessem que flerto com o suicídio?


Um comentário:

Mairex disse...

Móooooooooooooooooooooooorbida!
Adorei a "invalidez mental".
Saudades.